1 - Desde há 15 anos que eu achava que esta mania de fazer auto-estradas para tudo o que é sítio ainda acabava mal. No meu caso, tenho três alternativas para me deslocar de Vila do Conde a Braga: a A11 de Vila do Conde a Famalicão e A3 até Braga; A28 até Esposende e A11 até Braga; e as estradas nacionais Póvoa-Famalicão e Famalicão-Braga. Todas as alternativas gastam-me sensivelmente o mesmo tempo (desde que não escolha horas de ponta, obviamente). O que me faz pensar se não serão quilómetros de alcatrão a mais.
2 - Na minha opinião, todas as auto-estradas devem ter portagens, sem qualquer excepção. E não compreendo bem porque é que o Governo não assume as portagens como um imposto. Se eu apoio maior solidariedade social, tenho de concordar com mais impostos. E penso que as auto-estradas deveriam ser uma área de negócio assumida pelo governo para financiar programas sociais. Neste caso, ao contrário do IVA, paga quem pode mais e não há fugas. Além disso, tecnicamente é muito simples criar uma categoria separada para quem utiliza uma mesma portagem mais de 3 vezes por semana. Assim, quem utilizasse a auto-estrada para se deslocar para o trabalho poderia pagar um valor bastante reduzido.
12 comentários
Por Alex
às 10:20.
2 - Na minha opinião, todas as auto-estradas devem ter portagens, sem qualquer excepção. E não compreendo bem porque é que o Governo não assume as portagens como um imposto. Se eu apoio maior solidariedade social, tenho de concordar com mais impostos. E penso que as auto-estradas deveriam ser uma área de negócio assumida pelo governo para financiar programas sociais. Neste caso, ao contrário do IVA, paga quem pode mais e não há fugas. Além disso, tecnicamente é muito simples criar uma categoria separada para quem utiliza uma mesma portagem mais de 3 vezes por semana. Assim, quem utilizasse a auto-estrada para se deslocar para o trabalho poderia pagar um valor bastante reduzido.
12 Comentários a “SCUT”
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Caro Alexandre,
Concordo, genéricmente, com os teus argumentos. No entanto, gostaria de tecer alguns comentários:
1. Concordo que o Estado deveria assumir a portagem como uma taxa pela prestação de um serviço (daí, por razões técnico-jurídicas, não poder ser considerado imposto) a pagar em todas as vias que possuíssem a caracterização legal de "auto-estrada".
2. O Estado deveria ter apostado num modelo de gestão viária que assegurasse o crescimento contínuo da rede de auto-estradas de Portugal. Na minha opinião, este tipo de vias possuem uma importância vital e estratégica no crescimento económico de um país. Só poderei concordar contigo ao afirmares que te parece existirem auto-estradas a mais numa circunstância: se o Estado se demitir da tarefa de manutenção, beneficiação e alargamento da rede de Estradas Nacionais (parece-me ser este o teu argumento). E foi isto que aconteceu (como sabes tenho raízes no Alentejo e tenho essa experiência);
3. Entregando a gestão destas vias a privados, deveria condicionar a manutenção dos álvarás de concessão destas à existência de planos concretos de investimento no alargamento da rede de acordo com as prioridades estratégicas definidas no plano nacional rodoviário;
4. Assegurar a existência de vias alternativas condignas, devendo apoiar socialmente os utilizadores frequentes dessas vias até se encontrar em condições de cumprir os seus deveres para com os cidadãos nesta matéria. Escusado será dizer que não concordo com os actuais critérios utilizados pelo Governo. O critério seria apenas um: a existência de vias alternativas condignas (conceito a precisar legalmente).
Um abraço,
É um escandala, está a ser construído o muro da vergonha em Vila do Conde. Mais propriamente na seca do bacalhau, mumas das casas do irmãos omes Ferreira. O muro tem + de 10 metros de altura e tem um comprimento de mais de 100 metros.
Não exiete fiscalização em Vila do Conde. Não acredito ou será que estamos noutro País.
Por favor verifiquem e difundamesta mensagem a todos os Vilacondenses
Obrigado.
Leandro,
Penso que foram cometidos basicamente dois erros na gestão da rede de auto-estradas:
- erros de previsão no volume de tráfego gerados pela alternativa da auto-estrada, que faz com que várias estejam permanentemente subutilizadas;
- entrega da gestão a privados com contratos inaceitáveis. A AENorte, só para citar um exemplo, tem um contrato que eu considero incrível. Se o volume de tráfego não for o previsto, o Estado assume a diferença e paga a perda de receitas. Ora, isto é um contrato em que não é assumido qualquer risco. O que quer dizer que temos uma empresa privada subsidiada pelo Estado. Isso é normal?
Quanto à questão das alternativas, acho que será sempre subjectivo considerar critérios. Por isso mantenho que todas as auto-estradas deveriam ser pagas.
Alex,
Concordo, em princípio. Mas sejamos pragmáticos: o "guterrismo" introduziu nas nossas vidas o "facilitismo" das "vacas gordas". Criou expectativas junto dos portugueses que agora o Estado não consegue (ou não quer) cumprir. O Estado deve ser uma pessoa de bem e não nos pode enganar. Os políticos e os partidos políticos têm forçosamente que ser pessoas de bem e falar a verdade às pessoas. Depois das promessas feitas, eu exijo que não me tomem por parvo. Aceito como bom o princípio de que todas as auto-estradas devem ser pagas desde que, e aqui entra o critério que pode e deve ser objectivável, existam alternativas válidas. Agora é demasiado tarde para me impingirem aquilo que eu sempre disse: todas as auto-estradas devem ter portagens sem excepção e em todas as circunstâncias.
O exemplo que referiste ilustra o “facilitismo” de que falei mas não condena a iniciativa privada. Pelo contrário, reflecte os seus méritos e arrasa a acção governativa da altura.
Um abraço.
Quatro pontos:
1- os contratos inaceitáveis com as concessionárias começaram com o cavaco silva e portanto é bom n atirar tudo para cima do guterres;
2- eu sou a favor q todos paguem desde q seja garantido o preço justo. Com os actuais preços, nós estamos a alimentar os negócios chorudos da BRISA e afins.
3- há excepções. eu percorro a A7 quase todos os fins-de-semana. A partir de Guimarães, é um deserto completo. Não acho de todo mal que o Estado compense a AENOR, porque se não for assim ninguém pega nesta auto-estrada.
4- as scuts, com os actuais preços, têm aspectos positivos. Nisto concordo com Vasco Pulido Valente, é uma questão de civilização. Agora, é óbvio que não fazia sentido manter, por exemplo, a A28 como scut.
Caro Mário,
Agradecia que concretizasses o que consideras inaceitável nos contratos e quais os contratos a que te referes quando falas de Cavaco Silva. Mas uma coisa não podes negar: as SCUTS são invenções socialistas a que (quase) todos apelidaram de nado-morto desde o início e que tem nos custado os olhos da cara.
As tuas objecções ao preço das portagens apenas têm sentido no actual contexto, ou seja, quando vives com governos que alimentam ainda as fantasias das SCUTS (o sonho era dar ao povo auto-estradas para todos, a toda a hora e a preço zero e diferir o custo social para as futuras gerações) e como resultado desinvestiram na construção e manutenção da rede de Estradas Nacionais. Se para cada auto-estrada existir uma alternativa condigna sem custo então estou certo de que não só o preço da portagem não te incomodará, como servirá para garantir uma selecção natural do tráfico - o que por sua vez assegurará a essas vias a natureza de verdadeiras auto-estradas.
Quanto à A7 parece-me que o teu argumento do fim-de-semana é pouco consistente. O meu irmão faz esse percurso durante a semana e não partilha da tua opinião.
Um abraço.
Já dei a minha opinião. Acho errado este sistema de atribuição das auto-estradas a concessionárias. Porque este sistema não vai de encontro ao princípio do "utilizador-pagador", já que nós pagamos mesmo depois das auto-estradas estarem pagas e muitíssimo mais do que elas custam.
Quantas A4 já foram pagas? Quantas A3 já foram pagas? Nós deveríamos pagar o preço da auto-estrada e da manutenção, apenas.
A partir do momento em que se optou por concessionárias dever-se-ia ter tabelado os preços. É preciso ver que as auto-estradas são pequenos monopólios.
2- Só pode ser piada esta história de que as SCUTS são as responsáveis pelo desinvestimento nas estradas nacionais. És capaz de me dizer por que raio então o PSD não investiu antes da chegada do Guterres. És capaz tb de me dizer como é que melhorarias a N13. O que é que farias? Um túnel por baixo das cidades? Isto é um problema demográfico, toda a gente anda a fugir para as cidades limítrofes do Porto e de Lisboa. Por muito que se faça às nacionais, elas vão estar sempre apinhadas.
3- Já fiz dezenas de viagens pela A7 e tenho muitíssimas dúvidas de que o teu irmão saiba do que está a falar. Vai lá tu e verifica. Sobretudo, compara-a com a A4 e com a A3.
Caro Mário,
A tua visão parte duma defesa de um Estado centralizador e "socializante", que chega o todo lado e acaba por nada fazer bem. Vamos concordar em discordar. Os governos do Cavaco Silva lançaram a rede viária de auto-estradas em Portugal. Eu ainda me lembro de fazer o percurso do Alentejo para o Porto e demorar um dia. Também me lembro de começar a utilizar a A1 e demorar apenas 3 horas. Também me lembro que foi o Cavaco Silva que lançou a obra. Ainda me lembro que foram feitos muitos investimentos nas EN, mas que, perante um país sem auto-estradas, Cavaco optou por utilizar a parte de leão do "bolo comunitário" nestas vias estratégicas para o desenvolvimento do país.
Quanto ao teu argumento da EN deixa-me esclarecer o seguinte: refiro-me também a IP's, IC's, circulares externas ou internas e todas e quaisquer vias que desenhem uma rede viária sem encargos adicionais para os utilizadores. Os governos do Guterres vieram-nos dizer "porquê construir vias nacionais quando podemos dar auto-estradas ao povinho". Isto sim é que é piada. Rir-se-à quem conseguir.
Quanto à A7, poderia utilizar o mesmo argumento que tu, mas não o vou fazer...
Um abraço.
Leandro,
Apetece-me dizer que desde o Império Romano que o Estado é responsável pela construção e manutenção das estradas. Não vejo onde esteja o "socializante" da coisa.
O Estado é responsável pelas estradas municipais, pelas nacionais, pelas vias rápidas; não vejo por que há-de ser diferente com as auto-estradas. O que é que elas têm de específico? Mas mesmo optando por privatizar este serviço, teria sido dever dos Governos assegurar o interesse dos cidadãos. O que nós temos neste momento é empresas (sobretudo a Brisa) com serviços monopolistas a ter lucros astronómicos.
Quanto às alternativas, fazia-te três perguntas, para três casos específicos:
1- Como e por que percursos é que farias uma estrada nova entre Vila do Conde e Porto;
2- A A4 vai prolongar-se para além de Amarante. Como é que farias uma estrada alternativa a atravessar o Marão?
3- Como é que farias uma alternativa à A24 no percurso que vai de Vila Real a Viseu? Aquilo é só montes. Só há duas soluções, ou fazias estradas à salazar, com milhares de "esses" e não sei quantas horas de viagem, ou vias rápidas. Ora vias rápidas nestes lugares, Leandro, ficariam muito, mas muito mais caro que fazer uma auto-estrada no Alentejo. Terias de estar a fazer pontes atrás de pontes, túneis atrás de túneis (o que traria ainda outro problema, que tem que ver com a defesa do Património do Douro).
Quanto à A7, é melhor esquecer, é palavra contra palavra. Fico à espera que um dia passes por lá.
Caro Mário,
Alguns pontos:
1. Não vivemos no tempo dos Romanos e o "estado da arte" evoluiu um pouco desde essa altura, felizmente. Portanto não compares o incomparável.
2. Se temos "monopólios", como lhes chamas, então a culpa é do Estado Português que não soube criar alternativas como eu tenho defendido. Além disso, nesta matéria, não poderia nunca funcionar a regra da concorrência pura. A elaboração do plano rodoviário nacional é uma questão de soberania estatal.
3. O que é que as auto-estradas (SCUTS) têm de especial, perguntas. Respondo: exigem investimentos iniciais avultadíssimos. Por essa razão, o Estado teve de recorrer, mesmo com a ajuda de capitais europeus, à iniciativa privada. O governo socialista da altura só tinha duas alternativas honestas: construir essas vias, suportar os custos financeiros e sociais da interioridade ou periferia e chamar-lhes IP's ou IC's; chamar-lhes auto-estradas e exigir portagens. Ora, nada disto aconteceu. Inventou as SCUTS - auto-estradas sem portagem. Vigarizou-nos. Ponto final, parágrafo.
4. Não sou engenheiro civil, tal como tu não és, pelo que deverás dirigir essas questões a um técnico especializado. Mas uma coisa te digo: tenho toda a confiança nos nossos engenheiros e estou certo que estes conseguiriam projectar vias nacionais sem os referidos inconvenientes das estradas "salazaristas". Além de tudo, não me parece que estas regiões vivessem isoladas do resto do país antes da contrução das auto-estradas.
5. Eu não desvalorizo a tua experiência de condutor de fim-de-semana na A7. Por favor não menosprezes a minha no Alentejo (e no resto do país) ou a do meu irmão. Sempre evitas as supresas.
Leandro,
É melhor parar por aqui, porque já não vamos a lado nenhum. Mas não consigo perceber em que é que eu desvalorizei a tua experiência como condutor do Alentejo. Aliás, sabia lá dessa tua experiência! Era suposto eu conhecer? Referi o Alentejo para comparar com Trás-os-Montes, onde vivi quase dois anos e sei dos problemas que há lá em construir quaisquer tipo de vias.
O.K. Mário.
Foi bom enquanto durou. É sempre um prazer esgrimir argumentos contigo.
Uma abraço.