O Público optou nestas eleições por utilizar um instrumento desportivo nas reportagens às campanhas eleitorais. Todos os dias aponta a cada candidato um aspecto positivo e um negativo das suas campanhas, utilizando estas setas que estão no canto direito. Eu compreendo e aceito que este jornal queira introduzir elementos de análise e avaliação nas suas reportagens, mas ao estabelecer este critério normalizador (1 aspectos positivo, 1 negativo, a todos, sempre) acaba por tornar o instrumento em algo de inútil, que nem é peixe nem é carne. É a chamada avaliação politicamente correcta, que na verdade não avalia nem analisa nada, pois dá a ideia de que ninguém se destaca, nem para o bem nem para o mal, e que não há dias bons nem dias maus, igualizando o desempenho dos candidatos. Estas setas acabam apenas por servir como elemento decorativo, para embelezar o layout, como uma curiosidade para adoçar a leitura. Se era isto que o Público queria, acertou, as setas são inúteis mas bonitas.
É bom, a propósito, lembrar como funciona o jornalismo desportivo. Aqui não há conveniências, os jornalistas são pagos para avaliarem o desempenho dos desportistas, para o bem e para o mal. Quando são chamados a apresentar os aspectos positivos e negativos, como acontece, por exemplo, nas reportagens desportivas do Público, distribuem esses pontos não por uma regra estabelecida a priori, mas de acordo com a sua crítica, subjectiva certo, ao desempenho real das equipas (em que uma equipa pode levar os pontos positivos todos e outra não levar nenhum). Se os jornalistas que acompanham as caravanas eleitorais fizessem o mesmo (e agora não estou a falar apenas do Público) teríamos seguramente menos enfado.

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